Miguel Ángel Ramírez não estava pronto
Miguel Ángel Ramírez é o mais novo técnico demitido na Série A do Brasileiro. Nem começou a 3ª rodada do Brasileirão e esse já é o terceiro treinador a deixar o cargo na elite do futebol nacional. O técnico espanhol caiu depois de 3 meses no comando do time colorado, nesse período o time chegou ao vice-campeonato estadual, classificou para as oitavas da Libertadores, mas o golpe derradeiro foi a eliminação para o Vitória na 3ª fase da Copa do Brasil.
Afinal, qual era o objetivo da diretoria ao trazer o ex-treinador do Independiente Del Valle? Replicar os resultados do time equatoriano? Praticar um futebol bem jogado? Ser campeão estadual (o único título possível nesse período)? Parece que nem eles mesmo sabiam o objetivo de tal contratação.
Por mais dura que tenha sido a semana do time colorado, com derrota de goleada no domingo para o Fortaleza e a eliminação para um time da Série B, não existem muitos argumentos para a demissão, a não ser a completa falta de planejamento que reina no futebol brasileiro.
A desorganização é tão grande que os clubes se apegam em campanhas fora da curva como parâmetro para o próximo trabalho. A lógica é: já que Abel Braga foi vice-campeão na última temporada, Miguel Ángel Ramírez tem que subir o sarrafo. Pouco se olha para o processo que leva para atingir o trabalho desejado.
Nem mesmo a temporada em meio a uma pandemia, que o clubes não tem tempo para descanso, treino e nem mesmo para uma pré temporada decente. Ainda assim, a demissão é encarada de maneira natural para um técnico que estava apenas a 3 meses no cargo.
Aos olhos daqueles que analisam apenas o resultado, essa demissão também não deveria fazer sentido. A campanha é muito semelhante a que Abel Ferreira faz no comando do Palmeiras em 2021 com o vice no estadual, queda precoce na Copa do Brasil e classificação para as oitavas da Libertadores. Mesmo que fossem resultados terríveis, 3 meses é muito pouco para avaliar o trabalho que foi estipulado por contrato até o final de 2022.
O recado que o futebol brasileiro passa para os técnicos é: me iludam. No Brasil é premiado o técnico que vence o quanto antes, não importa como e porque. Apenas vença, o mais rápido possível para que não seja demitido antes. Foi isso que fez Abel Ferreira e Jorge Jesus serem aceitos por aqui, venceram rápido. Miguel Ángel Ramírez não estava pronto para isso. Não saberemos nem se daria certo ou não, o trabalho foi interrompido muito antes dessa resposta.
